A BÍBLIA É INSPIRADA
Jesus Cristo ensinou que a Bíblia é
infalivelmente inspirada (Jo 10:35b; 17:17; Mt 4:4; 5:1718) e também eterna e
perfeitamente preservada por Deus (Mt 4:4; 5:18; 24:25, Lc 16:17; 21:33; 24:44)
Juramento de John Burgon: “Juro pelo
Nome do Deus Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo, que creio que ‘a Bíblia não é
outra coisa senão a voz d'Aquele que está sentado no Trono.
Cada livro dela, cada capítulo dela,
cada versículo dela, cada palavra dela, cada sílaba dela, cada letra dela, são
elocuções diretas do Altíssimo. A Bíblia não é nada mais que a Palavra de Deus;
nenhuma parte dela é mais, nenhuma parte dela é menos, mas todas as partes de
igual modo, são expressões d'Aquele que está sentado no Trono, sem defeito, sem
erro, supremas.’ Assim ajude[1]me Deus, AMÉM”.
Inspiração é o homem escrevendo o que
Deus revelou. A Inspiração é o registro escrito das revelações de Deus e
daquilo que Ele quis que os escritores registrassem por escrito. inspiração,
portanto, é o processo pelo qual Deus manifesta uma influência sobrenatural
sobre certos homens, capacitando-os para registrar acurada e infalivelmente o
que quer que tenha sido revelado. “Homens santos de Deus”, lemos, “falaram
inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21). O resultado desse processo é a
Palavra de Deus escrita, a “escritura da verdade” (Dn 10:21).
O
Processo de Inspiração
A própria Bíblia clama ser a Palavra
de Deus. O termo “inspiração” é o termo teológico tirado da Bíblia que expressa
a verdade que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Talvez a melhor definição de
inspiração seja a de L. Gaussen: “aquele inexplicável poder que o Espírito
divino estendeu antigamente aos autores das Sagradas Escrituras, para que
fossem dirigidos mesmo no emprego das palavras que usaram, e para preservá-los
de qualquer engano ou omissão”. Para entendermos a inspiração, devemos olhar
para dois versículos clássicos das Escrituras, a seguir:
“Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para
instruir em justiça”
(II Tm 3:16)
A palavra inspiração é “theopneutos”,
que significa “theo” = Deus, e “pneutos” = assoprar.
A palavra hebraica é “nehemiah” e é
usada somente uma vez no Velho Testamento (em Jó 32:8). O versículo está
dizendo que Deus assoprou nos escritores da Bíblia que escreveram assim as
próprias Palavras de Deus. O adjetivo empregado nesta passagem significa
“insuflado por Deus” (cf. Gn 2:7). A palavra “Escritura” vem do Grego “graphe”,
que siginifica escrita, grafia, palavra. Deus “assoprou” palavras!
Podemos dizer então que tudo o que foi
“escrito” (as Escrituras) foi dado pelo “sopro de Deus”. Portanto, o que Deus
“soprou” foram palavras (graphe). Cada palavra, cada letra é importante para
Deus. É importante frisarmos que a Bíblia é inspirada e não os escritores. Se
fosse o contrário, tudo aquilo que eles escrevessem, de uma forma geral, seria
Bíblia...
A próxima passagem é:
“Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados
pelo Espírito Santo.”
(II Pe 1:21)
Literalmente, o que o versículo está
dizendo é que a inspiração é o processo pelo qual o Espírito Santo “moveu” ou
dirigiu os escritores das Escrituras para que o que eles escrevessem não fossem
palavras deles, mas a própria Palavra de Deus. Deus nos está dizendo que Ele é
o Autor da Bíblia, e não o homem. Os escritores da Bíblia são chamados “homens
impelidos (ou “carregados”) pelo Espírito Santo” (II Pe 1:20-21 cf. Ap 19:9;
22:6; II Sm 23:2).
Eles foram “movidos”, “tomados”,
“levados”. A palavra “inspirados” no versículo acima é a mesma palavra grega
que foi usada em Atos 27:15 (o barco foi “levado”).
O próprio Senhor Jesus Cristo afirmou
que o Espírito Santo faria os seus discípulos se lembrarem de tudo o que
presenciaram:
“Mas aquele Consolador, o Espírito
Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”
(Jo 14:26)
E os anunciaria fatos futuros:
“Mas, quando vier aquele, o Espírito
de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo,
mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”
(Jo 16:13).
(1 Co 2:10-13; 2 Co 2:4, 13; 1 Jo
1:1-3) O Deus que soprou o fôlego de vida nos seres viventes é o mesmo que
soprou Sua Palavra nas consciências dos Seus profetas. Se o próprio Espírito
Santo supervisionou a entrega e o registro da revelação, Ele, sendo Deus
Onipresente, Onisciente e Onipotente, garantiu que isto seria feito sem erros.
Inspiração é o poder estendido pelo Espírito Santo, mas não sabemos exatamente
como esse poder operou. É limitado aos escritores das Escrituras Sagradas. Isto
EXCLUI todos os outros livros “sacros” por não serem inspirados; também nega
autoridade final a todas as igrejas, concílios eclesiásticos, credos e clérigos.
A inspiração não exclui a diversidade de expressão sobre o mesmo assunto (Mt
16:16; Mc 8:29; Lc 9:20).
Até os 10 mandamentos têm expressões
diferentes, pois o Autor é Deus, e Ele pode Se exprimir de formas diferentes
sobre o mesmo assunto! (Êx 20:8-11; Dt 5:12-15).
O mais próximo que conseguimos chegar
da inspiração é chamando-a de “orientação”. Isto é, o Espírito Santo
supervisionou a seleção dos materiais a serem usados e das palavras a serem
empregadas por escrito. Finalmente, Ele preservou os autores de todos os erros
e omissões. Temos na Bíblia, portanto, a Palavra de Deus verbalmente inspirada.
O apóstolo Paulo relatou, inclusive, seus lapsos de memória (I Cor 1:14-16),
suas emoções pessoais (Gl 4:14), suas palavras (I Cor 7:12, 40).
Entretanto, ele mesmo frisa que,
apesar de expor sentimentos e impressões pessoais, tudo o que ele registrou nas
Escrituras são Palavras do Senhor! (1 Co 2:13; 14:37-38; Gl 1:12). Inclusive,
quando ele aborda a questão do papel e posição da mulher na igreja, ele declara
que o que disse são “mandamentos do Senhor” e não seu entendimento pessoal! (1
Co 14:37-38).
Observamos, além disso, que a
inspiração se estende às palavras, não simplesmente aos pensamentos e conceitos,
ou idéias gerais. Se estendesse simplesmente aos últimos, ficaríamos sem saber
se os escritores entenderam exatamente o que Deus disse, se lembraram
exatamente do que Ele disse, e se eles tinham capacidade para expressar os
pensamentos de Deus com exatidão. Será que cada palavra da Bíblia é mesmo inspirada?
O que Jesus disse acerca deste assunto? Vamos lá ver, o que nosso Senhor falou:
“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem,
mas de TODA a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4)
Que sublime afirmação do Mestre! Ele
claramente nos diz que TODAS (não somente algumas, não somente as que constam
nos “melhores e mais antigos manuscritos”, nem as que têm certa preferência da
crítica textual), mas sim que todas as palavras que saem da boca de Deus são
alimento para o homem.
Ou que dizer acerca do cumprimento
cabal da lei, declarado por Jesus: “Porque em verdade vos digo que, até que o
céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo
seja cumprido.” (Mt 5:18)
Ora, aqui Jesus nos diz que TUDO o que
está na lei, será cumprido completamente. Existem versículos que claramente
proíbem acrescentar, ou diminuir, o que quer que seja (Dt 4:2; 12:32; Pv 30:6;
Ec 3:14; Ap 22:18-19). Lembre-se que uma vírgula numa frase pode alterar
totalmente o sentido da mesma. Em Gl 3:16, vemos a importância e falta que faz
uma simples letra “s”!!! Assim, a Bíblia, obra de escritores humanos, é,
contudo, de natureza divina (1 Ts 2:13) e isto num sentido mais elevado do que
o que se dá ao fazer referência a outras obras que se costumam dizer
“inspiradas”.
Embora a Bíblia seja inspirada por
Deus (Sl 19:7-11; 119:89; 105, 130, 160; Pv 30:5-6; Is 8:20; Jr 1:2, 4, 9; Lc
16:31; 24:25-27; 44-45; Jo 5:39, 45-47; 12:48; 14:26; 16:13; 17:17; At 1:16;
28:25; Rm 3:4; 15:4; I Cor 2:10-13; II Co 2:4; Ef 6:17; I Ts 2:13; II Tm
3:16-17; I Pe 1:11-12; II Pe 1:19-23; I Jo 1:1-3; Ap 1:1-3; 22:19), a
participação do homem na recepção da revelação assumiu várias formas. Isto se
deu naturalmente, de modos diversos: ora os escritores simplesmente registravam
fatos históricos; ora registravam as mensagens que profetas e apóstolos
recebiam de Deus; ora refletiam intimamente sobre coisas de Deus e Este usava
seus pensamentos para levar Sua mensagem aos homens; ora eram guiados por Deus
a escrever palavras revestidas de sentido mais profundo do que eles próprios
sabiam (I Pe 1:10-12; cf. Dn 8:15; 12:8-12).
Ocasionalmente, descreveram visões,
sonhos ou aparições que testemunharam (Is 6; Jr 24; Dn 7-12; Ap 1-22); vários
autores puderam escrever seu testemunho pessoal, pois foram testemunhas
oculares dos eventos que relataram (Js 24:26; Jo 19:35; 21:24; I Jo 1:1-4; II
Pe 1:16-18); também citaram documentos antigos, que tinham à sua disposição,
frutos de suas pesquisas [isto é inspiração (registro escrito) sem revelação
(sem ser algo recebido diretamente de Deus)] (Dn 4; 2 Cr 36:23; Ed 1:2-4; 7:11-26;
I Jo 1:1-4; Lc 1:1-4; etc.), inclusive houve citações de fontes extrabíblicas
(At 17:28; Tt 1:12; Jd 14-15); compuseram, como artistas, poesia e outras
manifestações da sabedoria (Salmos, Provérbios, etc).
Vale lembrarmos que os 10 mandamentos
foram escritos diretamente por Deus (Êx 31:18). Os profetas estavam tão
cônscios da responsabilidade de entregar a mensagem de Deus (e não suas) que
muitas vezes pediam a Deus que os poupasse desse peso (Vide a resistência de
Jonas).
Os escritores do Novo Testamento
também reconheceram terem sido guiados pelo Espírito Santo para registrar as
revelações de Deus. A Bíblia é um livro divino-humano: humano porque, escrito
por homens, manifesta sentimentos e pensamentos humanos, às vezes em desacordo
com os de Deus (ver, por exemplo, os discursos dos amigos de Jó, que o próprio
Deus refutou); divino, porque é obra de homens a quem a Palavra de Deus foi
revelada.
A
IMPARCIALIDADE DA BÍBLIA PROVA QUE ELA É A PALAVRA DE DEUS
Quando os homens escrevem biografias
dos seus heróis, eles normalmente limpam suas faltas, mas a Bíblia exibe sua
qualidade divina mostrando o homem como ele é. Não apenas a Bíblia é
verdadeira, mas também é clara e sincera. Mesmo os melhores homens descritos na
Bíblia são descritos com suas faltas. Conhecemos claramente a rebelião de Adão,
a bebedeira de Noé, o adultério de Davi, a apostasia de Salomão, a
desobediência de Jonas, o desaforo de Pedro para com o Mestre, a briga de Paulo
e Barnabé e espante-se com a descrença dos discípulos a respeito da
ressurreição de Cristo. O que se segue foi publicado em “The Berean Call” [O
Chamado de Beréia], Janeiro 2005: “As Escrituras revelam honestamente as
fraquezas e pecados dos melhores santos – mesmo quando tais fatos poderiam ter
sido evitados. Tal honestidade dá a coroa da verdade às Escrituras.
Um dos relatos mais estranhos foi a
descrença dos discípulos quanto à ressurreição de Cristo. De fato, seu
ceticismo e aparente má vontade em acreditar, mesmo quando Cristo os encontrou
face a face, parece que dificilmente um escritor de ficção ousaria retratá-lo.
Cristo acusa Seus discípulos de dureza
de coração (Marcos 16:14). Eles não creram, mesmo quando Cristo lhes apareceu
(Lucas 24:36-38). Mas um dos ladrões crucificados com Cristo creu em Sua
ressurreição, ou ele não teria pedido “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de
mim, quando entrares no teu reino.” (Lc 23:42). As dúvidas dos discípulos não
tinham desculpa em vista das muitas profecias messiânicas. Eles terem sido tão
cegos em relação às Escrituras, mesmo depois de terem sido ensinados
pessoalmente por Cristo durante tantos anos, nos faz reexaminarmos a nós mesmos
para não sermos culpados da mesma cegueira.” A aceitação da Bíblia como Palavra
de Deus não é matéria de prova científica e sim de fé. Isso não quer dizer que
tomamos atitude irracional ou sem fundamento. Antes, nossa atitude se baseia no
testemunho de Jesus, a respeito do Antigo Testamento. De certo modo, podemos
compará-la à nossa fé em Jesus Cristo como Filho Unigênito de Deus, a qual não
depende, em última análise, de provas humanas de Sua divindade, e sim, de um
ato de fé. A experiência cristã tem confirmado que de fato Deus Se revela aos
homens através de TODA a Bíblia, ainda que o faça com maior nitidez em certas
partes (João, por exemplo) do que em outras que são, por assim dizer,
periféricas em relação à suprema revelação em Jesus Cristo. Não é que o
Evangelho segundo João seja “mais inspirado” do que Eclesiastes, por exemplo;
antes, é que, naquele, Deus estava concedendo a João a mais suprema e plena
revelação d’Ele; ao passo que, em Eclesiastes, fornecia o registro das últimas
tentativas humanas para conseguir a felicidade “debaixo do sol”. Outrossim,
mesmo que algumas partes da Bíblia pareçam não trazer mensagem de Deus para
nós, em nossa situação atual, é muito possível que tenham falado, ou que ainda
venham a falar, a outras pessoas em situações diferentes. Basta lembrarmos, por
exemplo, como o livro do Apocalipse tem revivido, vez após vez, para cristãos
que sofriam de perseguição. Devemos lembrar também, que a própria Bíblia não
nos autoriza a dividi-la em partes, mas, antes, considerá-la um todo orgânico,
tendo cada livro um papel a desempenhar na obra total (II Tm 3:16).
De imediato, as pessoas dizem que a
Bíblia é um livro de homens. Em outras palavras, “falha e imperfeita”. Por mais
sinceros, eruditos e criteriosos que fossem os profetas, eles ainda estavam
sujeitos às limitações da sua época e do seu conhecimento. Como poderiam deixar
de errar? É natural, assim, esperar que a Bíblia apresente erros gritantes em
questões filosóficas, científicas, literárias ou históricas. Os milagres, por
exemplo, são vistos como lendas da Antiguidade, tão verdadeiros e históricos
quanto Branca de Neve e os Sete Anões. De fato, tais conclusões seriam
inevitáveis se o fator sobrenatural fosse descartado. Mas, se o Espírito Santo,
sendo o mesmo Deus, estava por trás da produção da Bíblia, então é
perfeitamente admissível que homens falhos fossem instrumentos para transmitir
informações infalíveis. E foi exatamente isso o que ocorreu!