A primeira palavra, a mais comum, é
YAYIN, um termo genérico usado 141 vezes no AT para indicar vários tipos de
vinho fermentado ou não-fermentado (ver Neemias 5:18, que fala de “todo tipo de
vinho [yayin]” = todos os tipos).
Por um lado, yayin aplica-se a todos
os tipos de uva fermentado (Gn 9:20,21; 19:32,33; 1 Sm 25:36,37; Pv 23:30,31).
Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários trechos do
AT, notadamente Pv 23:29-35 (ver a próxima seção).
Por outro lado, yayin se usa com
referencia ao suco doce, não-fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco
da uva espremida. Isaias profetiza: “Já o pisador não pisará as uvas [yayin]
nos lagares” (Is 16:10); semelhantemente, Jeremias diz: “fiz que o vinho
[yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão uvas com júbilos” (Jr 48:33).
Jeremias até chama de yayin o suco
ainda dentro da uva (Jr 40:10,12). Outra evidencia que yayin, às vezes,
refere-se ao suco não-fermentado da uva temos em Lamentações, onde o autor
refere-se os nenês de colo clamando às mães, pedindo seu alimento normal de
“trigo e vinho” (Lm 2:12). O fato do suco de uva não-fermentado poder ser
chamado de “vinho” tem o respaldo de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: “O
vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel]
(Sanh, 70a)”. Alem disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo
yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive o
vinho recém-espremido antes da fermentação. “O Talmude Babilônico atribui ao rabino
Hiyya uma declaração a respeito de “vinho [yayin] do lagar” (Baba Bathra, 97a).
E em Halakot Gedalot consta: “Pode-se espremer um cacho de uvas, posto que o
suco da uva é considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do narizeado”
(citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923, PP, 408,409).
A outra palavra hebraica traduzida
por “vinho” é TIROSH, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh
ocorre 38 vezes no AT; nunca se refere a bebida fermentada, mas sempre ao
produto não-fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Is
65:8). Ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Dt 11:14; Joel 2:24)
“Assim
diz o Senhor: Como quando se acha mosto num cacho de uvas, dizem: Não o
desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de meus servos, que não
os destrua a todos”.
MOSTO SIGNIFICA: Sumo
de uvas frescas que não tenha passado pelo processo de fermentação. Suco
integral; vinho novo! [TIROSH]
Brown, Driver, Briggs (Léxico
Hebraico-Inglês do Velho Testamento) declaram que Tirosh significa “mosto,
vinho fresco ou novo”. A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui
todos os tipos de sucos doces e mostos, mas não vinho fermentado. Tirosh tem “benção
nele” (Is 65:8); o vinho fermentado, no entanto “é escarnecedor” (PV 20:1)
“O
vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles
errar nunca será sábio”.
Provérbios 23:31 “Não
olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se
escoa suavemente”.
Alem dessas duas palavras para “vinho”,
há outra palavra hebraica que ocorre 23
vezes no AT, e freqüentemente no mesmo contexto – SHEKAR, geralmente traduzida
por “bebida forte” (e.g., I Sm 1:15; Nm 6:3).
“Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de
espírito; nem vinho nem bebida forte (SHEKAR)
tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR”. (I Sm 1:15)
De vinho e de bebida forte (SHEKAR)
se apartará; vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte (SHEKAR) não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas
frescas nem secas comerá. (Nm 6:3)
Certos estudiosos dizem que shekar,
mais comumente, refere-se a bebida fermentada, talvez de suco de fruto de
palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara.
NO NOVO TESTAMENTO
A palavra grega para vinho e “OINOS”,
veja Lucas 7:33; “Porque veio João o Batista, que não
comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio”.
Oinos pode referir-se a dois tipos
bem diferentes de suco de uva
1 – Suco não fermentado;
2 – Vinho fermentado ou embriagante.
Esta definição apoia-se nos dados abaixo:
A palavra grega oinos era usada pelos
autores seculares e religioso, antes da era cristã e nos tempos da igreja
primitiva, em referencia ao suco fresco da uva (ver Aristóteles, Metereologica,
387.b9-13). Anacreontes (c. de 500 a.C.) escreve: “Esprema a uva, deixe sair o
vinho [oinos]” (Ode 5). Nicandro (século II a.C.) escreve a respeito de espremer
uvas e chama de oinos o suc ai produzido (Georgica, fragmento 86). Papias (60-130 d.C.) um dos pais da igreja
primitiva, menciona que quando as uvas são espremidas produzem “jarros de vinho
[oinos]” (citado por Ireneu, Contra as Heresias, 5.33.3—4). Uma carta em grego
escrita em papiro (P. Oxy. 729; 137 d.C.), fala de “vinho [oinos] fresco, do
tanque de espremer” (ver Moulton e Milligan, The Vocabulary of the Greek
Testament, p.10). Ateneu (200 a.C.) fala de um “vinho [oinos] doce”. Que “não
deixa pesada a cabeça” (Ateneu, Banquete, 145). Noutro lugar, escreve a
respeito de um homem que colhia uvas “acima e abaixo, pegando vinho [oinos] no
campo” (1.54). Para considerações mais pormenorizadas sobre o uso de oinos
pelos escritores antigos, ver Robert P. Teachout: “O Emprego da Palavra “Vinho”
no Antigo Testamento”. (Dissertação de Th.D. no Seminário Teológico de Dallas,
1979).
Os eruditos judeus que traduziram o
AT do hebraico para o grego, empregaram a palavra OINOS para traduzir
várias palavras hebraicas que significavam vinho. Noutras palavras os
escritores do NT entendiam que “oinos” pode referir-se ao suco de uva, com ou sem fermentação.
A POSIÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE O VINHO FERMENTADO
Em vários lugares o AT condena o uso
de YAYIN e SHEKAR como bebidas fermentadas. A Bíblia descreve os maus efeitos
do vinho embriagante na história de Noé (Gn 9:20-27). Ele plantou uma vinha,
fez a vindima, fez vinho embriagante e bebeu. Isso levou à embriaguez, à
imodéstia, à indiscrição e à tragédia familiar em forma de maldição imposta
sobre Canaã. Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante contribuiu o incesto que
resultou em gravidez nas filhas de Ló (Gn 19:31-38). Devido ao potencial das
bebidas alcoólicas para corromper. Deus ordenou que todos os Sacerdotes de
Israel se abstivesse de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida
ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento suficientemente grave
para motivar a pena de morte para o Sacerdote que a cometesse (Lv 10:9-11).
“Não bebereis vinho (YAYIN) nem
bebida forte (SHEKAR), nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na
tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre
as vossas gerações; e para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o
imundo e o limpo, e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o
Senhor lhes tem falado por meio de Moisés”.
Deus também revelou a Sua vontade a
respeito do vinho e das bebidas fermentadas ao fazer da abstinência uma exigência
para todos que fizessem o voto do nazireado. Salomão, na sabedoria que Deus lhe
deu, escreveu: O vinho é escarnecedor, e a bebida forte alvoroçadora; e todo
aquele que neles errar nunca será sábio (Pv 20:1). As bebidas alcoólicas podem
levar os usuários a zombar dos padrões de justiça estabelecido por Deus e a
perder o autocontrole no tocante ao pecado e a imoralidade