ULRICO ZUÍNGLÍO

Ulrico Zuínglio

Nascido em 1 de janeiro de 1484 em Wildhaus, antiga Confederação Helvética.
Morte 10 de outubro de 1531 (47 anos)
Cidadania Suíça.
“Teólogo – Calvinista”
Líder da reforma na Suíça e fundador das igrejas reformadas suíças

Biografia
Nasceu numa família rica da classe média, foi o terceiro de oito filhos. Seu pai Ulrico era o magistrado chefe da cidade e o seu tio Bartolomeu o vigário.

Fez os primeiros estudos em Basileia e Bera, e os estudos superiores em Viena e depois em Basileia, onde, em 1506, obteve o "Magister Sententiarum" (o título de Mestre das Sentenças de Pedro Lombardo).

No mesmo ano foi ordenado sacerdote e destinado à paróquia de Glanora, na qual desempenhou com dedicação suas funções pastorais, sem descurar, por isso os estudos e os contatos com o mundo da cultura, tornando-se um convicto fautor do humanismo.

Em 1516 foi transferido para a abadia de Einsiedeln como capelão. Naquele santuário, a exuberância das práticas religiosas, que, nos fiéis, raiava pela superstição e, no clero, pelas práticas simoníacas, chocou profundamente o espírito do jovem sacerdote, preparando-o para as ideias da Reforma Protestante que não tardariam em vir da Alemanha.

 Datam deste período os primeiros contatos com Erasmo de Roterdã, do qual se tornou grande admirador e em larga escala também seguidor.

Em 1519 foi transferido como cura da catedral, para Zurique, onde em suas pregações começou a criticar com insistência as indulgências e a comentar a Bíblia segundo o "evangelho puro", inspirando-se nos escritos de Lutero, que ele considerava substancialmente na linha do reformismo de Erasmo ou pelo menos não em antítese a ele. Mais tarde também atacou o celibato eclesiástico e começou a conviver com uma viúva, a qual desposou publicamente em 1524. 

A partir de 1522 começou a criticar cada vez mais radicalmente a devoção a Virgem Maria e aos satos, a autoridade dogmática e disciplinar dos concílios e dos papas, o culto das imagens, a missa como sacrifício. Em vista disso, o bispo de Constança proibiu-o de pregar, acusando-o de heresia.

A partir de 1522, ano em que se casou secretamente com Anna Reinhard, Zwinglio se empenhou na obra da Reforma. Partindo do princípio de que só a Bíblia contém a doutrina necessária para a salvação, preparou 67 breves artigos de fé. Neles afirmava que Cristo é a única autoridade da igreja e que a salvação se opera pela fé.

Em De vera et falsa religione commentarius (1525; Comentário sobre a verdadeira e a falsa religião)

Negou o caráter sacrificial da missa, a salvação pelas obras, a intercessão dos santos, a obrigatoriedade dos votos monásticos, a existência do purgatório.

Afirmou o caráter simbólico da eucaristia, divergindo de Martinho Lutero que tomava de forma literal as palavras de Cristo;


"este é o meu corpo".


A reforma de Zuínglio foi apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique e levou a mudanças significantes na vida civil e em assuntos de estado em Zurique. 

O governo de Zurique anulou a proibição do bispo, introduziu a língua alemã na liturgia e aboliu o celibato eclesiástico.

A Reforma Protestante propagou-se desde Zurique a cinco outros cantões da Suíça, enquanto que os restantes 5 ficaram firmemente do lado da fé católica-romana.

 Zuínglio organizou sessões de debate teológico, nas quais os argumentos dele e de outros protestantes eram confrontados com os argumentos da Igreja Catolica oficial.
Normalmente, os seus argumentos eram mais convincentes e estas sessões acabavam por ser um fortalecimento da reforma.

Em Janeiro de 1523, foi organizada uma disputa em Zurique, com a presença de seiscentas pessoas, que assistiram a uma confrontação entre Zuínglio e os enviados do Bispo de Constança.

Ao contrário do modelo medieval (disputatio), esta forma de disputa tem lugar em local público e não numa sessão fechada ao público, algures numa universidade, sendo falada em alemão e não em latin. Em 1528, uma sessão semelhante teve lugar em Berna.

Zuínglio tentou sem êxito a aliança entre Zurique, França e a Savoia, mas conseguiu organizar uma Aliança Cívica Cristã, que em 1529 já contava com vários cantões, iniciando-se a luta armada.

Decidido a pôr fim ao perigo de intervenção imperial, em face da hostilidade dos cantões católicos, Zwingli incitou o Conselho de Zurique a atacá-los e, ao acompanhar as tropas como capelão, encontrou a morte em batalha, perto de Kappel em Albis, em 11 de outubro de 1531. 

Crê-se que o seu cadáver foi esquartejado e dado às chamas.

Zuínglio e Martinho Lutero

  Martinho Lutero frequentemente atacava algumas afirmações de Zuínglio.
 Muitas tentativas foram feitas para a aproximação dos dois reformistas, mas nunca tiveram sucesso.
Quanto à visão teológica, a de Zuínglio tem muitos elementos em comum com a de Lutero nas negações, mas é muito diferente dela nas afirmações. De fato, o motivo que levou Zuínglio à Reforma é precisamente o contrário ao de Lutero.

Este último era movido por razões fideístas: a incapacidade do homem, em virtude das quais o homem e Deus estão separados por um abismo tão grande que nenhuma série de intermediários jamais poderá transpor.

Zuínglio, ao contrário, apoiava-se em motivos racionalistas e humanísticos: a bondade essencial do homem, que faz com que ele não precise de nenhuma série de impulsos para subir até Deus, porque está em condições de fazê-lo sozinho.
A tendência racionalista da reforma zuingliana pode ser notada imediatamente nas seguintes doutrinas: redução do pecado original a um simples vício hereditário não merecedor de condenação eterna e sem diminuição das forças éticas do homem; valor positivo da Lei e não meramente negativo; felicidade eterna acessível também aos sábios pagãos que tivessem praticado a lei moral natural.

Lutero e Zuínglio estão muito longe um do outro tanto pelos motivos teológicos quanto pelos motivos que se propuseram com a Reforma: enquanto Lutero que responder à questão

"como serei salvo?"

Zuínglio propõe outra:

"como será salvo o meu povo?"


"A grande preocupação de Lutero, tanto em Erfurt quanto em Wittenberg, era a salvação de sua alma.
Não era certamente uma angústia egoísta porque pode-se dizer que ele tomou sobre si a angústia de toda a sua época. Mas o que constituía o tormento de Zuínglio era a salvação de seu povo."

Zuínglio e João Calvino

Ulrico Zuínglio morreria em 1531, e com sua morte, parecia que a reforma na Suíça acabaria. Mas o movimento continuou, e agora quem assumiria a liderança seria Heinrich Bullinger, que embora fosse um líder muito capaz, parecia que o movimento estava condenado a ficar restrito a algumas regiões da Suíça e da Alemanha, e assim não causaria qualquer impacto ao restante da Europa e ao mundo.

Mas então entra em cena João Calvino, um intelectual brilhante que iria dar profundidade teológica à fé reformada, sistematizando-a em suas Institutas da Religião Cristã, conduzindo-a a um alcance e impacto por toda a Europa, e daí ao resto do mundo, transpondo fronteiras territoriais e temporais.


Fonte: Wiipédia a Enciclopedia Livre