Pedro Valdo (Pierre Vaudès) “1140 – 1205 d.C.” foi um rico
comerciante e religioso de Lyon (França), líder dos valdenses, movimento
cristão da Idade Média.
Decidiu abandonar todos os
seus bens, com exceção daquilo que fosse necessário para o sustento de sua
família.
Um grupo de discípulos logo se
formou, tornando-se conhecidos como os Pobres
de Espírito.
Valdo e seus seguidores
passaram, então, a pregar suas ideias pela região. Em virtude de sua recusa em
interromper suas pregações, eles foram excomungados em 1184.
Entre 1170-80, Valdo
encomendou de um clérigo uma tradução da Bíblia.
(Obs: É possível que ele mesmo
possa ter traduzido para a língua local o Novo Testamento)
Por isso, ele é reconhecido como
sendo o mentor da primeira tradução da Bíblia em uma "linguagem
moderna" que não fosse o latim.
Devido às recusas dos
sacramentos e dogmas católicos, a ele é atribuído o título de Pré-Reformador,
lançando as bases ideológicas que culminariam na Reforma Protestante com
Martinho Lutero.
Mesmo após a morte de Pedro
Valdo seus discípulos continuaram o movimento, sendo nomeados, então, os
valdenses.
Valdenses sedo massacradros
Muito de sua vida é
desconhecido. Fontes existentes relatam que ele era um rico comerciante de
roupas de Lyon e que era instruído.
Conversão de Pedro Valdo
Uma crônica anônima, escrita
por volta de 1218, relata a história de vida de Pedro Valdo:
"Em 1173, em um certo
domingo, quando se juntou à multidão que ouvia um trovador, sentiu-se tocado
pelas suas palavras, e convidando-o para sua casa, tomou conta dele e ouviu-o.
A passagem que o pregador
recitava era sobre Alexo de Roma, romano do século IV, que se converteu ao
cristianismo e abriu mão dos bens materiais.
Na manhã seguinte, Valdo se
apressou em ir à escolas de teologia para buscar conselhos para a sua alma, e
ele foi instruído de que havia muitos caminhos que levam a Deus, e perguntou
qual destes seria o mais perfeito de todos.
Responderam-lhe a passagem do
Novo Testamento
"O Mancebo Rico"
(Mt 19:21)
“Se queres
ser perfeito, vai, vende tudo o
quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.”
Então Valdo se dirigiu à sua
esposa, e a deu duas escolhas: manter a propriedade pessoal ou seus imóveis,
pois tinha campos, casas, aluguéis, vinhas, moinhos e direitos de pesca.
Descontente, ela decidiu por
manter seus diversos imóveis.
De sua casa ele fez um asilo a
qualquer que tivesse sido tratado injustamente; grande parte disso ele deu às
suas filhas que, sem consentimento de sua mulher, as mudou para o conventde, mas a maior parte de seu dinheiro ele deu aos
pobres.
Neste período, uma grande fome
estava assolando a França e Alemanha. Valdo, então, deu pão com vegetais e
carne a qualquer que viesse a ele, por três dias, em qualquer semana entre
Pentecostes e a festa de Libertação de São Pedro.
Na festa de Assunção de Maria,
jogando dinheiro aos pobres da vila, ele bramou:
"Nenhum homem pode servir a dois senhores, Deus e Mamom”
(Mt 6:24)
Então seus conhecidos
correram, pois o tiveram por louco.
Mas indo a um lugar mais alto,
disse:
"Meus compatriotas e amigos, não estou louco como pensam, mas estou
me vingando de meus inimigos, que me fizeram escravo, pois sempre tive mais
cuidado com dinheiro do que com Deus, e servi a criatura no lugar do Criador.
Sei que muitos me acusarão por agir abertamente, mas eu o faço por minha própria
conta e por vós; na minha conta, pois quem me ver doravante possuindo algum
dinheiro irá dizer que estou louco, e por vós, de modo que aprendam a colocar
esperança em Deus e não nos ricos."
No dia seguinte, vindo da
igreja, perguntou a um cidadão, que era conhecido seu, que desse-lhe algo para
comer.
Seu amigo, tomando-o para sua
casa, disse:
"Eu irei dar-lhe o que precisar enquanto eu viver."
Quando isso chegou aos ouvidos
de sua esposa, esta correu ao arcebispo da cidade, implorando-lhe que não deixasse
seu marido mendigar pão de ninguém, a não ser dela.
Aos que ouviram isto, foram tomados por tristeza.
Valdo foi conduzido à presença
do arcebispo.
Então sua mulher, agarrando-o
pelo pescoço, disse:
"Não convém, homem, que
eu redima meus pecados dando-te esmolas, do que outros o fazendo?
"Desde então não era
autorizado a aceitar comida de quem quer que fosse, exceto de sua mulher."
Movimento Religioso
A medida que ganhava maturidade espiritual, Valdo
começou a ensinar e pregar nas ruas partes memorizadas das escrituras e de
textos da Igreja, como de Agostinho de Hipona, já traduzindo para a linguagem
do povo. Começaram a surgir seguidores. Estes, receberam diversos nomes: Homens
Pobres de Lyon, Os Pobres de Deus, Valdensianos
ou valdenses.
Valdo encomendou uma tradução do Novo Testamento para
o francês provençal, língua local na época.
Pregadores leigos (não clérigos) passaram a palavra
adiante. Depois, os valdenses começaram também a pregar o evangelho.
Os bispos ficaram descontentes que Valdo e seus
seguidores estavam "invadindo" suas tarefas de pregação.
Neste mesmo período houve um movimento, no sul da
França, conhecido como Catarismo, também conhecidos como albigenses, seita gnóstica maniqueísta, o que aumentou a repressão
da Igreja.
Embora os valdenses possuíssem uma doutrina
totalmente diferente da seita dos cátaros, a Igreja reprimiu qualquer
discordância dogmática.
Pedro Valdo em Roma,
explicando-se aos inquisidores e ao Papa Alexandre III, em 1179 (Terceiro Concílio
de Latrão)
Em 1179, para combater suas objeções, Valdo e seu
discípulo foram a Roma procurar a aprovação papal para serem reconhecidos como
uma ordem, então considerado "Ecclesiola
in Ecclesia" (igreja dentro da igreja). O Papa
Alexandre III exigiu que explicassem seus posicionamentos para três clérigos,
da ordem dos dominicanos.
Porém, suas reivindicações não foram consideradas e
o papa não aprovou seu movimento, embora os tivesse autorizado a pregar em
qualquer lugar desde que os bispos locais aprovassem, o que na prática seria em
lugar nenhum.
Valdo, ao retornar a Lyon, afirmou:
"Mais
importa obedecer a Deus do que aos homens."
Em referência ao que disse o apóstolo Pedro em Atos
5:29.
Desde então, Valdo passou a ser chamado de Pedro
Valdo.
Mesmo com a proibição, Pedro Valdo e seus
seguidores continuaram.
Pouco depois, no mesmo ano, o Terceiro Concílio de
Latrão condenou os valdenses pelas pregações, mas sem os excomungar.
Após saírem de Lyon, os valdenses se instalaram nos
vales de Piedmont e em Luberom, região da França.
Em 1184, o Papa Lúcio III excomungou Valdo e,
em 1215, o Quarto Concílio de Latrão concordou.
Pedro Valdo e Francisco de Assis foram
contemporâneos e apresentavam muitas semelhanças. Ambos vieram de famílias
ricas de mercadores; morreram com diferença de 20 anos entre um e outro; se
converteram após ouvirem a história do mancebo rico e Jesus; abriram mão de
suas posses e enfatizaram a importância de pregar o Evangelho sobre os
sacramentos, e seus seguidores continuaram o legado; dando ênfase na
importância dos sacramentos.
O fato de Valdo ser declarado herético e Francisco
um santo tem mais a ver com a mudança da percepção na Igreja de que os clérigos
e monges haviam negligenciado as pregações do que diferenças teológicas
propriamente ditas.
Embora os seguidores de Valdo negassem o purgatório
e a eficácia das orações pelos mortos, eram os seguidores de São Francisco que
adotaram uma posição mais radical sobre a Era do Espírito Santo, e de que a era
de obedecer ao mandamento de Cristo "fazei isto em memória de mim"
havia terminado.
Pedro Valdo possivelmente morreu no início do
século XIII, possivelmente na Alemanha; ele nunca foi capturado e seus restos
mortais permanecem desconhecidos.
Por três séculos, a Igreja perseguiu os valdenses.
Se retirando de lugar em lugar, eles se apegaram às Escrituras, e os pregadores
leigos continuaram a espalhar os pontos de vistas reformados, depois foram
encontrados em movimentos posteriores como o movimento dos franciscanos e no
protestantismo.
Deveras, a maioria dos valdenses se uniu aos protestantes
durante a Reforma Protestante.
Aqueles que permaneceram nos alpes, entretanto,
mantiveram sua identidade preservada.
A Itália concedeu liberdade religiosa aos valdenses
somente em 1848.
Fonte:
Wikipédia a enciclopédia livre